Depois fiquei pensando que essa talvez seja uma dúvida de muitas crianças que estão na catequese. E que nós temos que estar preparados para responder.
Disponibilizo abaixo um ótimo material que encontrei no site: http://www.comshalom.org, onde fala sobre esse assunto
Boa leitura! Abraço Silvanety
- Introdução
Toda a vida de Cristo é mistério de Redenção.
A Redenção nos vem antes de tudo pelo sangue da Cruz,
mas este mistério está em ação em toda a vida de Cristo:
já na sua Encarnação, pela qual, fazendo-se pobre,
nos enriqueceu pela sua pobreza; na sua vida oculta,
que, pela sua submissão, serve de reparação para a nossa insubmissão;
na sua palavra que purifica seus ouvintes;
nas suas curas e seus exorcismos, pelos quais "levou as nossas
fraquezas e carregou as nossas doenças"(Mt 8,17); na sua Ressurreição,
pela qual nos justifica.
Redenção é a recuperação de um objeto precioso mediante
pagamento - o que supõe um regime de escravidão.
1. Redenção físico-mística
O fato mesmo de que Deus se fez homem e viveu as etapas da
vida de um homem desde a conceição no seio materno até a
morte, é obra de Redenção. Com efeito; pelo contato mesmo
com a natureza e as etapas da vida humana, Deus divinizou
ou deu novo sentido, recriou, tudo o que é do homem.
a. Pela Encarnação Cristo foi constituído substancialmente mediador
Isto quer dizer que, pela sua própria existência, Cristo exerce mediação.
A união e a reconciliação entre Deus e os homens estão realizadas
em raiz. A vida e as obras de Cristo descobriram o que estava
contido nessa raiz. Pelo fato de estar unida a Deus como nenhuma
outra criatura, a natureza humana de Cristo está no ápice das criaturas. Nenhuma criatura pode voltar a Deus senão por Cristo.
Tudo neste mundo é avaliado em função de Cristo. Todo o universo
converge para Cristo e se recapitula nele (Cl 1,16s)
b. Pela Encarnação todo o universo foi consagrado e teve início
a edificação dos homens
No homem (mikrokósmos) resume-se todo o grande
mundo (makrokósmos). Por conseguinte, se a criatura humana
foi elevada à união hipostática, as demais criaturas também
foram chamadas a nova forma de vida. Esta consagração é
particularmente efetiva nos sacramentos e sacramentais,
que são instrumentos materiais comunicadores da vida divina.
Cristo mesmo quis, de certo modo, identificar-se com objetos materiais,
ao dizer: "Eu sou o pão da vida (Jo 6,48), a luz do mundo (Jo 8,12)
, a porta( Jo 1,29), a verdadeira videira (Jo 15,1), o caminho (Jo 14,6)";
Ele é o Cordeiro (Jo 1,29), a Pedra angular (Ef 2,20).
Estas expressões significam que todos estes objetos têm
seu exemplar no Verbo Encarnado. A santíssima humanidade
de Cristo contém em grau máximo as perfeições expressas por
cada um desses objetos.
c. O Batismo de Jesus foi ato de obediência e humildade,
em antítese à soberba do primeiro pecado.
A palavra grega baptízomai, significa "submergir ,ao qual se
segue um emergir". Assim o Batismo de Jesus é um compêndio
de toda a vida de Cristo, que foi humilhação e exaltação;
é também a aceitação simbólica da morte redentora (Mc 10,38).
Aceitando o Batismo, Jesus manifesta a intenção de sofrer a
morte de cruz pelos homens.
O Batismo de Jesus foi também a santificação das águas para
que estas se tornassem o sacramento da nossa regeneração;
pelo contato com a carne de Cristo, a água recebeu o poder de vivificar o homem. Consequentemente o nosso Batismo também é a aceitação
da morte por ascese; comprometemo-nos então a morrer com Cristo
para o pecado.
d. A pregação de Cristo, predita nas Escrituras (Dt 18,18; Is 61,2),
tornou-se plena comunicação da Palavra de Deus aos homens (Hb 1,1).
Cristo é a Palavra (Jo 1,1) e a Imagem (Cl 1,15) do Pai, que por sua
existência terrestre, nos revela o Pai.
O mundo anterior a Cristo estava sob o poder do demônio, que é o
pai da mentira (Jo 8,44); 12,31). Por isto a manifestação da
verdade realizada por Cristo já é certa vitória sobre o demônio
ou início da nossa Redenção. A Escritura assinala muitas vezes
que a Palavra de Jesus comunicava a vida (Jo 1,1-5; 1 Jo 1,1),
e santificava os homens (1 Tim 4,5; Tg 1,18; 1 Pd 1,23).
A sua eficácia é comparada à de uma espada (Ef 6,17; Hb 4,12s).
Disto se segue a importância da pregação e da catequese.
"A fé vem pela pregação, e a pregação é pela Palavra de Cristo"(Rm 10,18).
e. Os milagres de Jesus
A palavra milagre vem do latim miraculum.
Geralmente se considera o milagre tão somente sob este aspecto.
A Bíblia, porém, fala de seméion, sinal (Jo 6,26; 10,37s; 12,37; 15,24);
ora o sinal é sempre algo que não tem sentido em si mesmo,
mas é relativo; é uma mensagem dirigida a alguém.
O milagre é, pois, uma palavra...palavra de Deus mais forte e
enfática do que os vocábulos habituais; Deus dirige aos homens
esse tipo de linguagem sempre que o julga oportuno.
Tenha-se em vista o episódio de Mc 2,5-12: Jesus perdoa
os pecados ao paralítico; os escribas que o vêem, julgam
que está blasfemando; então Jesus confirma as palavras
anteriores mediante o sinal da cura do paralítico.
Por conseguinte, os milagres de Jesus nos Evangelhos
não são meras demonstrações de poder. Mediante curas,
exorcismos, domínio sobre a natureza..., Jesus quis significar
que Ele vinha recriar o homem, restaurando na sua
integridade a natureza vulnerada pelo pecado. Não basta,
pois, admirar os milagres de Jesus; é preciso também
saber lê-los ou reconhecer e seu significado transcendental.
S. Agostinho diz que quem não atinge essa significação mais elevada, é semelhante ao analfabeto que vê belas letras de imprensa;
admira o seu traçado, mas passa ao lado do principal,
porque não sabe ler.
Assim entendemos por que os milagres de Jesus estavam
profundamente inseridos dentro da pregação do Senhor;
a ressurreição deveria ser o sinal por excelência ou o sinal
de Jonas (Mt 12,38-40), que atenderia aos anseios dos fariseus.
2. A Redenção propciatória (Páscha Staurósimon - Páscoa da Paixão)
A obra salvífica de Cristo foi uma só desde o nascimento
até a Ascensão. Por isto a Encarnação e as diversas fases
da vida oculta como da vida pública de Jesus deviam
culminar na morte e ressurreição. Principalmente estas
duas etapas finais estavam intimamente associadas entre si,
a tal ponto que os antigos gregos falavam de
Páscha Staurósimon (Páscoa da Cruz) e Páscha anastásimon
(Páscoa na ressurreição)
a. O sentido mais profundo da morte de Cristo é o de
manifestação suma do amor de Deus aos homens
Com efeito. A morte de Cristo não foi apenas propiciação
oferecida ao Pai pelos pecados. Foi algo cuja iniciativa se deve
ao próprio Pai. Sim; foi Este quem nos predestinou em Cristo (Ef 1,3-6);
iniciou a nossa salvação já no Antigo Testamento e deu ao
Filho o mandamento de entregar a vida por nós (Jo 10,18;
14,31; Rm 5,8-10; 8,32). Trata-se de amor não motivado,
mas de pura benevolência ( 1Jo 4,10; 2 Cor 5,18).
Ao amor do Pai corresponde o amor do Filho, que na cruz se
exprime num sim ao Pai e na restauração da vida dos homens.
b. A morte de Cristo foi também sacrifício de propiciação e
reconciliação oferecido ao Pai em favor dos homens
Cristo, Sacerdote desde o primeiro instante da sua Encarnação,
ofereceu um sacrifício perfeito. Desde a sua estrada no mundo,
Ele mesmo era vítima consagrada pela união com o Verbo
(Hb 10,1-4; 7, 26-28; 9,25-28).
Eis o fato. Procuremos penetrar no âmago do mesmo.
b.1 Cristo exerceu um ato de livre entrega ao Pai. A sua morte
não foi um fato inevitável, como a dos demais homens. Cristo
não apenas aceitou e sofreu a morte necessária, mas voluntariamente
entregou a vida em testemunho de sua obediência ao Pai e de
seu amor aos homens. Assim a morte de Cristo é mesmo mais
preciosa e grandiosa do que a dos mártires.
b.2 Toda a vida de Cristo é mistério de Recapitulação. Tudo o que
Jesus fez, disse e sofreu, tinha por meta restabelecer o homem
caído na sua vocação primeira:
Quando ele se encarnou e se fez homem, recapitulou em si
mesmo a longa história dos homens e, em resumo, nos proporcionou
a salvação, de sorte que aquilo que havíamos perdido e Adão,
isto é, sermos à imagem e à semelhança de Deus, o recuperemos
em Cristo Jesus. É, aliás, por isso que Cristo passou por todas as
idades da vida, restituindo com isto a todos os homens a
comunhão com Deus. (Cat 518)
c. A morte de Cristo foi vitória sobre o pecado, a morte e o diabo.
Conforme a Escritura, o pecado, a morte e o demônio eram
os senhores deste mundo antes da vinda de Cristo (Rm 5,12-19;
Jo 12,31; 14,30; 1 Jo 5,19; 2 Cor 4,3).
Toda a vida de Cristo foi luta contra o pecado e o demônio;
isto se evidenciou principalmente nos exorcismos, que
desmantelavam inicialmente o império do Maligno,...império que foi
definitivamente destruído na cruz; ver Ap 12,10-12.
A vitória sobre o pecado
A carne foi o instrumento pelo qual o primeiro Adão pecou no início da história. Tornou-se sede da miséria humana.
Ora precisamente Deus quis salvar os homens mediante carne,
a fim de vencer o pecado através do instrumento mesmo do pecado.
É o que se chama "recapitulação" ou a arte de fazer que os instrumentos do pecado e da morte se tornem recursos para a vida e a glória (Rm 8,3).
A carne do Messias representava a carne de todo gênero humano;
sobre ela pesou a sentença que pairava sobra a humanidade
pecadora ("no dia em que desobedeceres, morrerás" Gen 2,17);
a carne inocente de Jesus, fezendo-se voluntariamente as vezes
da humanidade pecadora, libertou do jugo do pecado todos os homens.
A carne tornou-se assim instrumento do sumo amor de Deus,
ela que fora objeto de condenação. Isto significa que a carne
foi interiormente redimida e santificada, e não apenas salva
por imputação extrínseca dos méritos de Cristo.
A vitória sobre a morte
Cristo inocente nada devia à morte (Jo 12,31; 14,30).
Por isso ela não o pôde deter (Ap 1,18). Assim a morte só
podia servir a à glorificação de Cristo. Ela ainda permanece
no mundo e domina cada homem, mas servindo para a nossa
glorificação ou passagem para o Pai. A morte é atualmente
o inimigo que nos dá a ocasião da vitória definitiva. No dia
da consumação final, ela será destruída (I Cor 15,26).
Vitória sobre o demônio
Este foi desejado do seu poder (Jo 12,31; Cl 2, 13-15). Desde
a tentação no deserto até a cruz quis dominar Jesus (Lc 4,1'; Lc 22,3.53);
instigou os homens pelos Padres da Igreja mediante a seguinte imagem: a santíssima humanidade de Cristo, em tudo semelhante à
dos demais homens, exceto no pecado, foi apresentada ao
demônio como isca. O Maligno abocanhou-a com avidez,
julgando fazer mais uma presa, todavia não percebera nela
o anzol da Divindade; a sua fisgada, aparentemente vitoriosa,
tornou-se-lhe fatal. Era, de resto, justo que o Senhor Deus
apresentasse ao demônio, como antagonista, uma carne
humana semelhante àquela que ele suplantara no
primeiro encontro da história ou no paraíso.
Neste encontro com o segundo Adão, Satanás foi derrotado
pelo adversário que ele havia derrotado.A tríplice vitória
de Cristo sobre o pecado, a morte e o demônio trouxe ao
mundo Paz (Rm 5,1).
A mensagem de Cristo é essencialmente Paz (SHALOM) (EF 2,17; 6,15)
Toda a vida de Cristo é mistério de Redenção.
A Redenção nos vem antes de tudo pelo sangue da Cruz,
mas este mistério está em ação em toda a vida de Cristo:
já na sua Encarnação, pela qual, fazendo-se pobre,
nos enriqueceu pela sua pobreza; na sua vida oculta,
que, pela sua submissão, serve de reparação para a nossa insubmissão;
na sua palavra que purifica seus ouvintes;
nas suas curas e seus exorcismos, pelos quais "levou as nossas
fraquezas e carregou as nossas doenças"(Mt 8,17); na sua Ressurreição,
pela qual nos justifica.
Redenção é a recuperação de um objeto precioso mediante
pagamento - o que supõe um regime de escravidão.
1. Redenção físico-mística
O fato mesmo de que Deus se fez homem e viveu as etapas da
vida de um homem desde a conceição no seio materno até a
morte, é obra de Redenção. Com efeito; pelo contato mesmo
com a natureza e as etapas da vida humana, Deus divinizou
ou deu novo sentido, recriou, tudo o que é do homem.
a. Pela Encarnação Cristo foi constituído substancialmente mediador
Isto quer dizer que, pela sua própria existência, Cristo exerce mediação.
A união e a reconciliação entre Deus e os homens estão realizadas
em raiz. A vida e as obras de Cristo descobriram o que estava
contido nessa raiz. Pelo fato de estar unida a Deus como nenhuma
outra criatura, a natureza humana de Cristo está no ápice das criaturas. Nenhuma criatura pode voltar a Deus senão por Cristo.
Tudo neste mundo é avaliado em função de Cristo. Todo o universo
converge para Cristo e se recapitula nele (Cl 1,16s)
b. Pela Encarnação todo o universo foi consagrado e teve início
a edificação dos homens
No homem (mikrokósmos) resume-se todo o grande
mundo (makrokósmos). Por conseguinte, se a criatura humana
foi elevada à união hipostática, as demais criaturas também
foram chamadas a nova forma de vida. Esta consagração é
particularmente efetiva nos sacramentos e sacramentais,
que são instrumentos materiais comunicadores da vida divina.
Cristo mesmo quis, de certo modo, identificar-se com objetos materiais,
ao dizer: "Eu sou o pão da vida (Jo 6,48), a luz do mundo (Jo 8,12)
, a porta( Jo 1,29), a verdadeira videira (Jo 15,1), o caminho (Jo 14,6)";
Ele é o Cordeiro (Jo 1,29), a Pedra angular (Ef 2,20).
Estas expressões significam que todos estes objetos têm
seu exemplar no Verbo Encarnado. A santíssima humanidade
de Cristo contém em grau máximo as perfeições expressas por
cada um desses objetos.
c. O Batismo de Jesus foi ato de obediência e humildade,
em antítese à soberba do primeiro pecado.
A palavra grega baptízomai, significa "submergir ,ao qual se
segue um emergir". Assim o Batismo de Jesus é um compêndio
de toda a vida de Cristo, que foi humilhação e exaltação;
é também a aceitação simbólica da morte redentora (Mc 10,38).
Aceitando o Batismo, Jesus manifesta a intenção de sofrer a
morte de cruz pelos homens.
O Batismo de Jesus foi também a santificação das águas para
que estas se tornassem o sacramento da nossa regeneração;
pelo contato com a carne de Cristo, a água recebeu o poder de vivificar o homem. Consequentemente o nosso Batismo também é a aceitação
da morte por ascese; comprometemo-nos então a morrer com Cristo
para o pecado.
d. A pregação de Cristo, predita nas Escrituras (Dt 18,18; Is 61,2),
tornou-se plena comunicação da Palavra de Deus aos homens (Hb 1,1).
Cristo é a Palavra (Jo 1,1) e a Imagem (Cl 1,15) do Pai, que por sua
existência terrestre, nos revela o Pai.
O mundo anterior a Cristo estava sob o poder do demônio, que é o
pai da mentira (Jo 8,44); 12,31). Por isto a manifestação da
verdade realizada por Cristo já é certa vitória sobre o demônio
ou início da nossa Redenção. A Escritura assinala muitas vezes
que a Palavra de Jesus comunicava a vida (Jo 1,1-5; 1 Jo 1,1),
e santificava os homens (1 Tim 4,5; Tg 1,18; 1 Pd 1,23).
A sua eficácia é comparada à de uma espada (Ef 6,17; Hb 4,12s).
Disto se segue a importância da pregação e da catequese.
"A fé vem pela pregação, e a pregação é pela Palavra de Cristo"(Rm 10,18).
e. Os milagres de Jesus
A palavra milagre vem do latim miraculum.
Geralmente se considera o milagre tão somente sob este aspecto.
A Bíblia, porém, fala de seméion, sinal (Jo 6,26; 10,37s; 12,37; 15,24);
ora o sinal é sempre algo que não tem sentido em si mesmo,
mas é relativo; é uma mensagem dirigida a alguém.
O milagre é, pois, uma palavra...palavra de Deus mais forte e
enfática do que os vocábulos habituais; Deus dirige aos homens
esse tipo de linguagem sempre que o julga oportuno.
Tenha-se em vista o episódio de Mc 2,5-12: Jesus perdoa
os pecados ao paralítico; os escribas que o vêem, julgam
que está blasfemando; então Jesus confirma as palavras
anteriores mediante o sinal da cura do paralítico.
Por conseguinte, os milagres de Jesus nos Evangelhos
não são meras demonstrações de poder. Mediante curas,
exorcismos, domínio sobre a natureza..., Jesus quis significar
que Ele vinha recriar o homem, restaurando na sua
integridade a natureza vulnerada pelo pecado. Não basta,
pois, admirar os milagres de Jesus; é preciso também
saber lê-los ou reconhecer e seu significado transcendental.
S. Agostinho diz que quem não atinge essa significação mais elevada, é semelhante ao analfabeto que vê belas letras de imprensa;
admira o seu traçado, mas passa ao lado do principal,
porque não sabe ler.
Assim entendemos por que os milagres de Jesus estavam
profundamente inseridos dentro da pregação do Senhor;
a ressurreição deveria ser o sinal por excelência ou o sinal
de Jonas (Mt 12,38-40), que atenderia aos anseios dos fariseus.
2. A Redenção propciatória (Páscha Staurósimon - Páscoa da Paixão)
A obra salvífica de Cristo foi uma só desde o nascimento
até a Ascensão. Por isto a Encarnação e as diversas fases
da vida oculta como da vida pública de Jesus deviam
culminar na morte e ressurreição. Principalmente estas
duas etapas finais estavam intimamente associadas entre si,
a tal ponto que os antigos gregos falavam de
Páscha Staurósimon (Páscoa da Cruz) e Páscha anastásimon
(Páscoa na ressurreição)
a. O sentido mais profundo da morte de Cristo é o de
manifestação suma do amor de Deus aos homens
Com efeito. A morte de Cristo não foi apenas propiciação
oferecida ao Pai pelos pecados. Foi algo cuja iniciativa se deve
ao próprio Pai. Sim; foi Este quem nos predestinou em Cristo (Ef 1,3-6);
iniciou a nossa salvação já no Antigo Testamento e deu ao
Filho o mandamento de entregar a vida por nós (Jo 10,18;
14,31; Rm 5,8-10; 8,32). Trata-se de amor não motivado,
mas de pura benevolência ( 1Jo 4,10; 2 Cor 5,18).
Ao amor do Pai corresponde o amor do Filho, que na cruz se
exprime num sim ao Pai e na restauração da vida dos homens.
b. A morte de Cristo foi também sacrifício de propiciação e
reconciliação oferecido ao Pai em favor dos homens
Cristo, Sacerdote desde o primeiro instante da sua Encarnação,
ofereceu um sacrifício perfeito. Desde a sua estrada no mundo,
Ele mesmo era vítima consagrada pela união com o Verbo
(Hb 10,1-4; 7, 26-28; 9,25-28).
Eis o fato. Procuremos penetrar no âmago do mesmo.
b.1 Cristo exerceu um ato de livre entrega ao Pai. A sua morte
não foi um fato inevitável, como a dos demais homens. Cristo
não apenas aceitou e sofreu a morte necessária, mas voluntariamente
entregou a vida em testemunho de sua obediência ao Pai e de
seu amor aos homens. Assim a morte de Cristo é mesmo mais
preciosa e grandiosa do que a dos mártires.
b.2 Toda a vida de Cristo é mistério de Recapitulação. Tudo o que
Jesus fez, disse e sofreu, tinha por meta restabelecer o homem
caído na sua vocação primeira:
Quando ele se encarnou e se fez homem, recapitulou em si
mesmo a longa história dos homens e, em resumo, nos proporcionou
a salvação, de sorte que aquilo que havíamos perdido e Adão,
isto é, sermos à imagem e à semelhança de Deus, o recuperemos
em Cristo Jesus. É, aliás, por isso que Cristo passou por todas as
idades da vida, restituindo com isto a todos os homens a
comunhão com Deus. (Cat 518)
c. A morte de Cristo foi vitória sobre o pecado, a morte e o diabo.
Conforme a Escritura, o pecado, a morte e o demônio eram
os senhores deste mundo antes da vinda de Cristo (Rm 5,12-19;
Jo 12,31; 14,30; 1 Jo 5,19; 2 Cor 4,3).
Toda a vida de Cristo foi luta contra o pecado e o demônio;
isto se evidenciou principalmente nos exorcismos, que
desmantelavam inicialmente o império do Maligno,...império que foi
definitivamente destruído na cruz; ver Ap 12,10-12.
A vitória sobre o pecado
A carne foi o instrumento pelo qual o primeiro Adão pecou no início da história. Tornou-se sede da miséria humana.
Ora precisamente Deus quis salvar os homens mediante carne,
a fim de vencer o pecado através do instrumento mesmo do pecado.
É o que se chama "recapitulação" ou a arte de fazer que os instrumentos do pecado e da morte se tornem recursos para a vida e a glória (Rm 8,3).
A carne do Messias representava a carne de todo gênero humano;
sobre ela pesou a sentença que pairava sobra a humanidade
pecadora ("no dia em que desobedeceres, morrerás" Gen 2,17);
a carne inocente de Jesus, fezendo-se voluntariamente as vezes
da humanidade pecadora, libertou do jugo do pecado todos os homens.
A carne tornou-se assim instrumento do sumo amor de Deus,
ela que fora objeto de condenação. Isto significa que a carne
foi interiormente redimida e santificada, e não apenas salva
por imputação extrínseca dos méritos de Cristo.
A vitória sobre a morte
Cristo inocente nada devia à morte (Jo 12,31; 14,30).
Por isso ela não o pôde deter (Ap 1,18). Assim a morte só
podia servir a à glorificação de Cristo. Ela ainda permanece
no mundo e domina cada homem, mas servindo para a nossa
glorificação ou passagem para o Pai. A morte é atualmente
o inimigo que nos dá a ocasião da vitória definitiva. No dia
da consumação final, ela será destruída (I Cor 15,26).
Vitória sobre o demônio
Este foi desejado do seu poder (Jo 12,31; Cl 2, 13-15). Desde
a tentação no deserto até a cruz quis dominar Jesus (Lc 4,1'; Lc 22,3.53);
instigou os homens pelos Padres da Igreja mediante a seguinte imagem: a santíssima humanidade de Cristo, em tudo semelhante à
dos demais homens, exceto no pecado, foi apresentada ao
demônio como isca. O Maligno abocanhou-a com avidez,
julgando fazer mais uma presa, todavia não percebera nela
o anzol da Divindade; a sua fisgada, aparentemente vitoriosa,
tornou-se-lhe fatal. Era, de resto, justo que o Senhor Deus
apresentasse ao demônio, como antagonista, uma carne
humana semelhante àquela que ele suplantara no
primeiro encontro da história ou no paraíso.
Neste encontro com o segundo Adão, Satanás foi derrotado
pelo adversário que ele havia derrotado.A tríplice vitória
de Cristo sobre o pecado, a morte e o demônio trouxe ao
mundo Paz (Rm 5,1).
A mensagem de Cristo é essencialmente Paz (SHALOM) (EF 2,17; 6,15)