"Ser Catequista é entregar-se totalmente a Deus como instrumento de serviço na evangelização."

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Depois de dois dias no hospital com minha filha doente seguido de três dias de Retiro Missionário Diocesano, estou aqui para dizer a cada um que visita este blog: Deus nos ama e nos faz mais forte a cada manhã. Basta acreditar.
Foram dias intensos, mas também dias de reflexão.
E mesmo estando cansada, fui ao retiro, e lá recebi um carinho de Deus. Na verdade, recebi de forma concreta uma demonstração do grande amor de Deus por mim!

Obrigada Senhor!

Silvanety Martins

Espórtulas e Taxas

A prática das espórtulas é inspirada no Novo Testamento

Espórtulas são os valores cobrados pela Igreja quando esta ministra alguns Sacramentos (Batismo, Crisma e Matrimônio), especialmente a Santa Missa por alguma intenção especial.

Em primeiro lugar é preciso deixar bem claro que esta medida longe está de querer cobrar pelo sacramento ministrado. Cada um deles é impagável porque custou o preço do Sangue precioso de Jesus para a nossa salvação. Os sete sacramentos brotaram do Coração de Jesus transpassado pela lança na Cruz. É através deles que as graças da salvação, conquistadas a nós por Cristo, chegam a nós, e isso é impagável.

Então, por que a Igreja cobra uma taxa para celebrar alguns deles?

A prática das espórtulas é inspirada no Novo Testamento e existe durante quase dois mil anos. Essa prática tem duplo sentido:

1) para quem oferece sua dádiva é uma forma de participar, de maneira mais íntima, da oblação Eucarística e dos frutos desta; é expressão da fé e do amor com que tem acesso ao Pai por Cristo no Espírito Santo. Assim as espórtulas se justificam como a expressão da fé e do amor dos fiéis que desejam participar mais intimamente dos frutos da Santa Missa.

2) para a Igreja é um meio de sustentação legítimo, baseado na tradição bíblica e que não se trata de simonia, isto é, de comércio com as coisas sagradas. Após o Concílio do Vaticano II (1962-1965), que fez um balanço da vida eclesial, considerando as suas necessidades, o Papa Paulo VI regulamentou as espórtulas da Missa, em 13/06/1974, quando publicou o Motu próprio “Firma in Traditione”, em que dizia:

"É tradição firmemente estabelecida na Igreja que os fiéis, movidos por seu espírito religioso e seu senso eclesial, acrescentem ao sacrifício eucarístico um certo sacrifício pessoal, a fim de participar mais estritamente daquele. Atendem assim às necessidades da Igreja e, mais particularmente, à subsistência dos seus sacerdotes. Isto está de acordo com o espírito das palavras do Senhor: 'o trabalhador merece o seu salário' (Lc 10,7), palavras que São Paulo lembra em sua primeira carta a Timóteo (5,18) e na primeira aos Coríntios (9,7-14)”.

"O clero que, por seu trabalho, merece receber o necessário para se sustentar, deveria ter sua subsistência garantida por um sistema de financiamento independente de ofertas feitas por particulares ou pelos fieis que peçam serviços religiosos".

Depois disso, o assunto foi regulamentado também pelo Papa João Paulo II em 22 de janeiro de 1991, no Decreto SOBRE AS ESPÓRTULAS, preparado pela Sagrada Congregação para o Clero. O Código de Direito Canônico, promulgado em 25/11/83, quando fala das espórtulas, diz, entre outras coisas:

Cânon 945 - § 1. "Segundo o costume aprovado pela Igreja, a qualquer sacerdote que celebra ou concelebra a Missa, é permitido receber a espórtula oferecida para que ele aplique a Missa segundo determinada intenção”.

§ 2. Recomenda-se vivamente aos sacerdotes que, mesmo sem receber nenhuma espórtula, celebrem a Missa segundo a intenção dos fiéis, especialmente dos pobres.

Cânon 946 – “Os fiéis que oferecem espórtula para que a Missa seja aplicada segundo suas intenções concorrem, com essa oferta, para o bem da Igreja e participam de seu empenho no sustento de seus ministros e obras”.

Cânon 947 – “Deve-se afastar completamente das espórtulas de Missas até mesmo qualquer aparência de negócio ou comércio.”

No início da Igreja, os cristãos, ao participarem da Santa Missa, levavam consigo dons naturais (pão, vinho, leite, frutas, mel...). Depois passou a se fazer doações também em dinheiro por ser mais prático. A Igreja, como uma sociedade também humana e inserida neste mundo, precisa de dinheiro para exercer a missão de pregar o Evangelho, confiada a ela pelo próprio Cristo, desde os tempos d'Ele. Os doze Apóstolos tinham uma caixa comum (cf. Jo 12,6). Jesus aceitava que algumas mulheres os ajudassem com seus bens, entre elas, Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza, Susana e várias outras (cf. Lc 8,1-3).

A primeira comunidade cristã em Jerusalém praticava a voluntária partilha de bens (cf. At 2,44; 5,1-6). Jesus elogiou a oblação da viúva no Tesouro do Templo: "Em verdade eu vos digo que esta viúva, que é pobre, lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro. Pois todos os outros deram do que lhes sobrava; ela, porém, na sua penúria ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver" (Mc 12,42-44).

E aqueles que não têm dinheiro para mandar celebrar a Santa Missa?

A Igreja reza diariamente por todas as grandes intenções e necessidades da humanidade (os doentes, os moribundos, os encarcerados, os falecidos...), também pelas almas do Purgatório, em todas as Celebrações Eucarísticas. Assim, não há almas abandonadas no Purgatório por falta de dinheiro da parte dos familiares.

Quando todos os católicos pagarem o dízimo – que a Igreja não obriga que seja 10% do que a pessoa ganha, embora isso seja bom –, então, certamente não será mais preciso cobrar taxas para a celebração dos sacramentos, como o Batismo, Crisma e Matrimônio. Mas isso ainda não é comum; por isso a Igreja precisa das taxas para suas necessidades materiais.

O Código de Direito Canônico afirma:

Cânon 222 § 1. "Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade e para o honesto sustento dos ministros."

O que o Catecismo da Igreja Católica diz no §2043: " Os fiéis cristãos têm ainda a obrigação de atender, cada um segundo as suas capacidades, às necessidades materiais da Igreja".

FONTE: Felipe Aquino

 
“Quem não compreende um olhar,
tampouco compreenderá uma longa explicação.”
(Mário Quintana)

A arte de escutar o silêncio
Quem ama 'escuta' no olhar aquilo que os lábios ainda não são capazes de dizer

Existem situações que experienciamos nas quais parece que ninguém nos entende. Há dores que nos roubam a capacidade de nos expressarmos e, conseqüentemente, de sermos compreendidos naquilo que somos. São realidades nas quais as palavras se ausentam e não somos capazes de “nos dizer” no que pensamos e sentimos. Isso acaba inaugurando em nós um gradativo processo de solidão em virtude de não sermos conhecidos e compreendidos em nossa verdade.
São raras as pessoas que têm sensibilidade para escutar nossos “silêncios”, e paciência para, aos poucos, desvelar o mistério que somos nós.
Expressar-se é uma arte, compreender alguém também o é. Essas virtudes são fruto de muita luta e empenho, e não apenas de habilidade natural.
Penosa e desestruturante é a dor da incompreensão, do sentir-se estrangeiro no próprio território, por sentir algo e perceber que os outros não podem compreender. Dor ainda maior se faz real quando nos descobrimos julgados e encarcerados no que não somos, em conseqüência de não sermos escutados em nossa realidade, expressa em “palavras” que ainda não fomos capazes de dizer.
Pelo fato de não conseguirmos nos comunicar externando o que somos, constantemente, somos mal interpretados e confundidos em inverdades de compreensão, que nos aprisionam e nos ausentam de nossa identidade. Diante disso, acredito que amar é ter a capacidade de descobrir o outro no que ele não diz... Para descobrir alguém assim é preciso gastar tempo, é preciso observá-lo, abrindo mão dos próprios barulhos e agitações para entender a linguagem silenciosa que revela o ser. Quem ama “escuta” no olhar aquilo que os lábios ainda não são capazes de dizer.
São raras, nos tempos atuais, as pessoas que têm paciência para descobrir o outro nos detalhes, para assim poder amá-lo com inteireza. O fato é que, muitas vezes, estamos tão cheios de nós mesmos que mesmo que o outro “grite” não somos capazes de escutá-lo.
Só acompanha o outro – com qualidade – quem se esvazia das próprias razões. Quem entendeu o que é amar percebe que não pode ser o centro de tudo e que precisa dar espaço em sua vida para que o outro seja quem realmente é, revelando-se em seus valores e crenças.
Há muitos que em toda a vida são amados – se é que o são – somente a partir de uma imagem criada a seu respeito e não daquilo que verdadeiramente são. Tal realidade impõe no ser uma profunda crise, estabelecendo a solidão e a inexistência como paradoxo na compreensão do real.
Dizer-se – de maneira compreensível e encarnada – e compreender o outro são necessidades essenciais para que haja harmonia em toda e qualquer relação. Há casamentos, amizades e relacionamentos familiares que se desfiguram pelo fato de ambas as partes não terem a devida simplicidade para decodificarem (traduzirem) sua linguagem, de forma que ambos possam se compreender e ser compreendidos.
O que destrói um relacionamento não é somente a ausência de amor, mas também de boa comunicação. Comunicação que nos transporta para além do comum e nos faz descobrir os segredos que revelam concretamente uma identidade.
Que Jesus, Aquele que, por excelência, tem o dom de traduzir os “símbolos” humanos, nos ensine com a sensibilidade que emana do seu coração a real maneira compreender e se expressar, desvendando silêncios e inaugurando sempre as novas possibilidades presentes no coração.
“Nos detalhes, nas calçadas, nos poemas,
nas esquinas... sempre disse o que digo.
Porém, o eco não se fez.
Há quem perceba uma linguagem que constrói
inverdade.
Nas frases não ditas poucos escutam o silêncio.
Ele que inocente pede carona, com sede de transportar.
Transportar revelando pela força do olhar;
aquilo que a verdade não cansou de cantar com
voz eloqüente: Existe alguém aqui.”

Adriano Zandoná