"Ser Catequista é entregar-se totalmente a Deus como instrumento de serviço na evangelização."

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O ser humano

Padre Júlio César Lima

O ser humano é dotado das faculdades antropológicas: Corpo, Alma e Espírito. Estas dimensões revelam que o homem possui uma dinâmica dentro do espaço cosmológico, pois ao estar dentro de uma determinada cultura deve aprender a sua auto construção, adquirindo desta maneira uma realização que o faz elevar-se dentro das relações consigo mesmo (seu próprio eu), com as coisas criadas e o que está ao seu redor, com o seu semelhante (os outros “eus”) e com o Eu superior (o próprio Deus). Neste âmbito, contemplamos o eu pessoal que se relaciona com os objetos e coisas criadas, com as demais pessoas e sobretudo, com seu Criador.
A pessoa dentro deste plano cosmológico, possuindo o “hálito da vida” que o Criador lhe concedeu ao ser gestado no ventre materno, recebe ao mesmo tempo a missão do próprio Deus de construir-se, dando um verdadeiro sentido a sua existência que não se satisfaz no mundo (cósmos) e que por isto, se torna peregrino rumo a pátria celeste, cuja foi revelada com o mistério da Encarnação do Filho de Deus que desde o princípio já existia como Palavra, e esta “Palavra era Deus (...) e sem ela nada existiu de tudo o que existe. Nela havia vida, e a vida era a luz dos homens (...) (Jo 1,1.3-4).
Estando o Filho querido e predileto do Pai entre os homens (cf. Mc 1,11), revelou que o ser humano decaído pelo pecado, possui um jus-naturalismo que é a capacidade de saber por meio de suas dimensões antropológicas qual a via (ambulare = caminho) que deve ele realmente optar, para que deste modo, possa alcançar a totalidade do seu ser que se encontra mergulhado na Pessoa de Deus, que mostrou e mostra aos homens de todos os tempos e lugares que “vida era a luz dos homens” (Jo 1,4) e que “A luz brilhou nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jo 1,5). Esta luz que brilha nas trevas do coração do homem tanto antigo quanto moderno do século XXI, apresenta-se como uma beleza tão antiga e tão nova, que está dentro do homem e que tarde é amada (cf. Confissões de St. Agostinho) por não ser descoberta como “una, bela, verdadeira e boa” na via da busca da perfeição que exprimi-se na “participação da natureza divina para escapar da corrupção que habita no mundo pela concupiscência” (cf. 2Pd 1,4). Estas características transcendentais são encontradas  em totalidade somente na Trindade Santa, e contempladas no Homem-Deus de Nazaré, Cordeiro imolado que desceu do Céu.
         No Homem-Deus de Nazaré, o gênero humano encontra toda a perfeição de sua humanidade, pois “Jesus de Nazaré é o protótipo do homem” (Card. Von Balthasar) que revela que o homem, não pode encontrar seu fim em si mesmo, mas ao transcender o seu espírito à “Aquele que move sem ser movido” (Aristóteles) se torna “capax Dei” (capaz de Deus), contemplando deste modo, que sua finitude não está em si mesmo, mas enxerga que o seu “Tellos” (fim ultimo) é o próprio Deus, e isto foi revelado pelo próprio Homem-Deus de Nazaré, que ao ser levantado na Cruz, atraiu para si tudo e todos (cf. Jo 19, 37). Portanto, possamos cada um de nós, como membros da família humana, restaurar nossa humanidade cotidianamente, pois a santidade do homem exprimi-se em humanização que o reveste de uma dinâmica em suas dimensões antropológicas que fazem o eu pessoal transcender corporalmente com sua alma que o anima a elevar seu espírito ao Transcendente que é o próprio Deus, que merece de cada ser humano seguidor de seu Filho que desceu do Céu, uma adesão em espírito e verdade (cf. Jo 4, 24) para contemplar a verdadeira realização de si mesmo numa glória que jamais se acaba e que esta na cidade celeste, onde cada um de nós deveremos estar ansiosos para o encontro do nosso Eu com o Tu que é o próprio Deus.