"Ser Catequista é entregar-se totalmente a Deus como instrumento de serviço na evangelização."

segunda-feira, 1 de novembro de 2010


Chamados à Santidade


No mês de novembro, uma das datas importantes do calendário litúrgico é a solenidade de Todos os Santos. Os primeiros cristãos tinham uma forte convicção de que Jesus Cristo, o Senhor, transmite-nos a santidade de Deus e santifica toda a humanidade. Esta convicção era tão forte que os cristãos se chamavam de santos (At 26,10; Ef 3,8; Fil 4,21...). A celebração de todos os santos situa-se neste contexto. Celebramos a santidade comum de todos aqueles que, para além da morte, participam plenamente da Assembléia dos Santos, e com suas vestes brancas, cantam hinos de louvor e ação de graças aos pés do Cordeiro (Apoc 7,2-14).
Mas a santidade não é só para os que já morreram. Todos somos chamados à santidade: "Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação" (1 Tes 4,3). Ela não é fruto do esforço humano, que procura alcançar a Deus com suas forças, e até com heroísmo. É um Dom do amor de Deus acompanhado da resposta do homem, que acolhe o dom, pois Cristo deu a sua vida pela nossa santificação (Ef 5,25-26)

Jesus veio mostrar que o Amor de Deus por nós é incondicional: o Pai nos ama com o mesmo amor que ama o Filho, e o Filho nos ama com o mesmo amor que ama o Pai. Não devemos merecer nem ganhar este amor: é um dom , totalmente gratuito. É Deus quem toma a iniciativa de vir ao nosso encontro, encarnando-se em nossa história. Em Jesus de Nazaré, o Verbo de Deus se encarna e revela a face misericordiosa do Pai. Ele não exige que sejamos sem falhas e limites. Simplesmente nos oferece sua misericórdia e nos pede que a acolhamos - "Mas nisto Deus prova seu amor para Conosco: Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores" (Rom 5,8).
Isto significa que Deus, na sua misericórdia, nos chama à santidade. E o pecado não nos impede de sermos santos. Jesus nos ensina que o homem que se reconhece pecador e que só Deus salva está no caminho da Santidade (Lc 18,9-14). Deus ama o pecador. O pecado não impede a Deus de nos amar, mas mostra que não amamos suficientemente a Deus: "E se não formos fiéis, Ele ainda continuará fiel a nós, porque não pode negar a si mesmo" (2 Tm 2,13). O Amor de Deus é sem limites, não conhece restrição, envolve tudo, é maior que qualquer pecado: "Onde o pecado se multiplicou, a graça superabundou" (Rom 5,20). Assim, não somos nós que fazemos a Santidade. Ela é dada por Deus, que nos santifica com nossos vícios, pecados, traumas... Deus nos dá a graça de amarmos com nossa fragilidade, de fazermos o bem agora, de servirmos ao irmão, de nos convertermos.

Deste modo, a Santidade não é fruto de um esforço de fazer perder o fôlego. É a capacidade de ultrapassarmos nossas próprias condenações, de nos olharmos como olhar de amor e ternura com que Deus nos olha, e continuarmos a fazer o bem no meio de nossa fraqueza. É descer até as profundezas da humildade, reconhecendo a própria fraqueza e pedindo a Deus a Graça da Santificação: "A minha graça te basta; o meu poder manifesta-se plenamente na fraqueza, ... pois quando sou fraco, então é que sou forte" (2 Cor 12,9-10). A força da Santidade vem na medida em que nos esvaziamos e damos espaço para o Espírito agir e santificar-nos, pois santo é quem, ao saber acolhido incondicionalmente por Deus, aceita sua fraqueza e deixa-se levar por Aquele que o ama.

Deste modo, neste mês em que celebramos a festa de Todos os Santos, vamos lembrar também esta nossa vocação à santidade que deve se realizar a cada dia de nossas vidas, numa atitude de acolhida à Graça de Deus e numa busca de viver de maneira coerente, como quem acolhe a Graça. Vamos rezar pela multidão de santos e santas anônimos, que na rotina de seu cotidiano constroem O Reino de Deus, tomando presente a Misericórdia na história pela doação de suas vidas num serviço humilde, gratuito e escondido. E vamos pedir a Ele a graça de, em meio as nossas fraquezas e pecados, sermos capazes de, cada vez mais, testemunhar a santidade em nosso mundo.

Para rezar

Coloco-me diante do Senhor e leio Lc 10,25-37. O que Ele me ensina sobre a vivência da santidade através deste texto? Quem está mais próximo da santidade? Basta o esforço de observar preceitos para viver a santidade?

Padre Emmanuel do Silva e Araujo, SJ PUC - Centro Loyola Rio de Janeiro

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